Há 25 anos atrás
a onda curta era a fonte preferida para obter-se informações e
noticias internacionais mais utilizadas pelos meios de comunicação
em todo o mundo.
Praticamente 24
horas por dia o serviço mundial da BBC de Londres mandava
informações para os quatro cantos do mundo principalmente a noite na
freqüência de 6.175 kHz. Juntando-se a BBC estava a Radio de Moscou
que era porta voz do antigo regime comunista que imperava no pais.
Dentre as mais conhecidas na época estavam a radio Voz da America,
Radio Netherlands, Deutsche Welle (direto da Alemanha), e também a
Radio Berlin internacional.
Se quiséssemos
saber o que estava acontecendo em Cuba, Bombay (atualmente Mumbai),
e Tel Aviv, bastava sintonizar diretamente a Radio Havana ou a radio
Kol em Israel.
Naquela época a
BBC estimou uma audiência de mais de 120 milhões de ouvintes
semanais em todo o mundo. As pesquisas mostraram também que a
maioria desta audiência se encontrava fora dos Estados Unidos. Mas
na época que não existia a internet nem rádios nem TV via satélite a
onda curta era o local onde milhares de cidadãos Americanos buscavam
suas informações.
Faça um teste e
observe os sinais recebidos nas faixas de ondas curtas e você
Radioamador e Radio escuta observara que estas faixas mudaram muito.
Nos Estados Unidos e na Europa algumas das principais emissoras
simplesmente desapareceram ou reduziram seus horários de
transmissões. Atualmente o serviço mundial da BBB não transmite sua
programação em onda curta para a America do Norte e para a Europa.
Tivemos um baixo índice de audiência nas faixas de onda curta nos
continentes Europeus e Norte Americano disse Andy Sennitt. Andy e um
dos pesquisadores de onda curta mais respeitados em todo o mundo e
trabalha como editor chefe da Radio Netherlands que mantém a pagina
Media Network na internet.
Media Network
iniciou seus trabalhos em 1981 com um programa de onda curta
semanal. Este programa chegou ao fim no ano 2000 e atualmente pode
ser ouvido somente via internet.
É muito fácil
culpar a internet e a TV via satélite pela diminuição da audiência
nas freqüências de onda curta. Mas o que ninguém sabia é que a onda
curta já possuía seus próprios problemas e necessitava de
atualizar-se para sobreviver em nosso meio tão evolutivo, disse
Larry Magne.
Larry Magne era
produtor da revista Passaport to World Band Radio que era um guia de
freqüências que continha todas as estações de onda curta em todo o
mundo. Esta revista circulava nas bancas em vários países e por 25
anos nos ajudou na busca de rádios mas encerrou sua publicação no
ano de 2009.
Alcançamos o
pico de audiência das rádios de onda curta no ano de 1989 quando
aconteceu o fim da guerra fria, disse Larry Magne. A partir deste
ano as audiências nas freqüências de onda curta diminuíram bastante.
A transmissão em
onda curta e nas faixas de onda longa são muito caras para mante-las
e desde que a guerra fria terminou alguns governos do ocidente
chegaram a conclusão que não seria mais necessário um gasto enorme
de dinheiro com transmissões, produções e na manutenção de
equipamentos. Em conseqüência disso varias estações encerraram seus
trabalhos em onda curta. Outras emissoras destinaram seus sinais
para as paginas da internet ou via satélite diminuindo os gastos.
Magne
acredita que o serviço mundial da BBC de Londres contribuiu
consideravelmente na diminuição dos sinais em onda curta tanto no
continente Europeu como no continente Norte Americano.
Em 2001 o
diretor do serviço mundial da BBC, Mark Byford, disse que as
transmissões de AM e FM locais, os rádios via satélite e a internet
colocaria um fim nas transmissões de onda curta. (Mark Byford
atualmente é subdiretor geral da BBC)
Depois que a BBC
de Londres finalizou suas transmissões em onda curta para os Estados
Unidos aconteceu um efeito dominó onde varias emissoras de onda
curta desligaram ou diminuíram suas transmissões para aquele
continente. O resultado atualmente é que os Americanos não recebem
muitos sinais de onda curta. O espaço destinado a estações de
noticias nas freqüências de onda curta hoje é utilizado por igrejas
e programações religiosas.
Kim Andrew
Elliot, ex-colaborador da Voz da America, disse que na época em que
a BBC encerrou suas transmissões em onda curta para os Estados
Unidos os ouvintes daquele pais recebiam toda sua programação
confortavelmente por estações retransmissoras na faixa de FM e toda
esta programação era dirigida para aquele pais e também os ouvintes
não se preocupavam com a dificuldade em receber os sinais pois
recebiam através de seus rádios e através de emissoras na faixa de
FM.
Em uma de suas
pesquisas para o Internacional Broadcasting Bureau, Kim Andrew
observou que vários ouvintes migraram das ondas curtas para a faixa
de FM, e que isso aconteceu também em vários países do continente
Europeu.
Uma pesquisa de
Kim Andrew em 2009 mostrou que os ouvintes no Camboja, que escutavam
a Voz da America em ondas curtas, 63 por cento preferiam escutá-la
através das emissoras afiliadas em FM, 31 por cento escutavam
através de emissoras afiliadas na Tailândia, e só 6 por cento
escutavam a Voz da America pelas ondas curtas.
Já em outra
pesquisa em 2003 feita na índia mostrou que 7 por cento da população
dizia que escutava rádios em ondas curtas e outros 7 por cento
escutavam rádios de outros países em FM. Em 2008 a mesma pesquisa
feita na índia mostrou um resultado bem diferente, 18 por cento
escutavam noticias em FM e apenas 2 por cento em ondas curtas.
Atualmente a
legislação de comunicações na Índia restringe as emissões de sinais
de outros países nas rádios FM e essas rádios não podem transmitir
programas informativos. Isso significa que as rádios Voz da America,
BBC, RFI e outras emissoras internacionais perderam suas emissoras
afiliadas nestes países.
A RADIO DE ONDAS CURTAS NOS DIAS DE
HOJE
Estamos no ano
de 2010 e a BBC e as rádios internacionais estão facilmente
disponíveis pela internet ou via satélite. Atualmente a maioria dos
jornalistas e repórteres se dirigem a internet na busca de
informações.
Mas tanta
ganância em ganhar dinheiro através de emissoras afiliadas que tem
interesse em divulgar noticiário internacional esta com seus dias
contados disse Kai Ludwig.
Com freqüência
muitas estações de onda curta encerram suas transmissões porque
estas freqüências já não são tão interessantes. Um exemplo é a radio
Livre da Europa que perdeu por completo suas afiliadas na Ucrânia
quando as radios mudaram sua programação e passaram a transmitir
somente musica contemporânea. Também quando uma emissora local
possui programas de rádios internacionais essas emissoras cobrem
somente um determinado local ou uma determinada região dificultando
a compreensão dos ouvintes em determinadas matérias e também não se
compara o alcance mundial da onda curta disse Kai Ludwig.
Noticias vindas
pela internet com certeza agregaram um ponto valioso para o
desenvolvimento de muitos países mas muitas paginas de noticias
comumente erram assustadoramente mostrando a falta de competência de
seus produtores.
Também muitas
estações de radio religiosas que utilizam a onda curta não estão
ganhando dinheiro com ela.
Nas ultimas
transmissões da radio Voz Cristã o locutor disse: Esta me ouvindo ai
? , será que tem alguém me ouvindo do outro lado ?
A radio Voz
Cristã retirou sua programação religiosa na Alemanha e na Austrália.
A rede HCJB do
Equador já não nos envia sua grade de programação em onda curta e a
Evangeliums Rundfunk associada alemã da Trans World Radio já não
transmite sinais em onda curta disse Kai Ludwig.
Muitos tinham
esperança de que os salvadores da onda curta seriam os receptores de
onda curta digitais, que com a norma (DRM) Digital Radio Mundiale,
facilitaria a recepção de sinais naquelas freqüências tão ruidosas.
Infelizmente a
DRM atrasou em uma década o lançamento de seus equipamentos digitais
e quando os lançou foram muito poucos aproveitados no mercado.
Obviamente outro problema que surgiu para o agravamento do radio
digital para as ondas curtas foi que as fabricas desses receptores
não cumpriram sua parte no negocio que era a de desenvolver
receptores baratos para toda população.
Com todos esses
problemas os analistas prevêem que em breve as rádios de onda curta
na Europa e nos Estados unidos encerrarão suas transmissões
retirando seus programas aos poucos. Mas ainda existem sinais sendo
transmitidos para África, partes da Ásia e America Latina. Esses
sinais continuarão sendo transmitidos até que esses países
desenvolvam tecnologias e infra estrutura que possibilitem a sua
população receberem sinais de outras emissoras estrangeiras com mais
qualidade.
Apesar de todos
os gastos para se manter um transmissor de onda curta sejam muito
altos e os problemas de recepção serem um agravante o radio em onda
curta possui uma vantagem muito grande sobre a internet e sobre o
radio via satélite. A grande vantagem é que nas transmissões de onda
curta analógica é impossível bloquear o sinal e toda a noticia
chegará em sua totalidade. Já na internet as noticias podem ser
dirigidas e moderadas pelas autoridades locais com a criação de um
filtro especial que enviaria somente noticias com interesse pessoal
ou interesse governamental para a população.
As transmissões
via internet podem ser facilmente bloqueadas através de técnicas de
geolocalização utilizando protocolos IP que bloqueiam acessos a
determinados sites e a determinadas informações.
Os sinais de
radio, recebidos via internet, e enviados para uma emissora afiliada
podem ser facilmente bloqueados por governos que tem por objetivos
bloquearem as informações vindas de outros países. Um exemplo
simples é a radio AZADIQ no Azerbaijão que possuía várias afiliadas
em varias rádios FM locais que tiveram seus transmissores desligados
em 2008 logo após uma critica feita por jornalistas de outros países
as eleições daquele pais. Essas medidas também afetaram as
transmissões das rádios Voz da America e o serviço mundial da BBC no
pais.
Todas as
transmissões enviadas pela internet ou via satélite para estações
retransmissoras terrestres podem ser bloqueadas pelos seus governos
ou pela legislação de telecomunicações de cada pais.
Entretanto a
onda curta analógica bem executada penetra em qualquer ponto da
Terra quando os outros meios de comunicação falham. Com isso as
emissoras internacionais podem registrar seus comentários da forma
que quiserem e sem censura.
Segundo Lech
Walesa, Vaclav Havel e outros lideres da famosa cortina de ferro
esta capacidade de furar esses filtros da censura dando acesso as
principais noticias e informações do mundo foram as principais
razões e principais ferramentas utilizadas para acabar com o
Comunismo na Europa.
No mundo atual
as noticias são censuradas na Corea do norte, Iran, Arábia Saudita,
Vietnam, Cuba, China entre outros países. E a informação sem censura
segue sendo hoje tão importante quanto na época da guerra fria.
MAURICIO BERALDO
Py4mb@amsat.org
http://br.groups.yahoo.com/group/ISSFANCLUBEBRASIL/
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